Vai ficar um textão, mas vamos lá:
Durante a Revolução Francesa, os camponeses da região da Vendeia se levantaram em defesa da fé cristã. Lutaram por sua liberdade de consciência e contra a imposição de uma república antirreligiosa e centralizadora. Mas foram esmagados pelo exército revolucionário. Após derrotarem os insurretos, os revolucionários não se contentaram com a vitória militar: passaram a exterminar sistematicamente a população civil da Vendeia, incluindo mulheres, crianças e idosos. Usaram métodos de uma crueldade indescritível, como os “afogamentos em massa” no rio Loire, apelidados de noyades, em que centenas de pessoas eram amarradas e lançadas à água para morrerem afogadas. Tais atos configuram, inclusive, a primeira experiência documentada de genocídio moderno promovido pelo Estado. Cerca de 250 mil pessoas foram assassinadas. Isso foi a Revolução Francesa, não essa ideia romantizada e fantasiosa que é frequentemente ensinada por aí.
Não menos bárbara foi a execução da família real. Luís XVI, um rei moderado, foi guilhotinado após um processo farsesco. Sua esposa, Maria Antonieta, sofreu a mesma sorte, humilhada e acusada de crimes forjados (incluindo uma acusação de incesto). Mas o que mais choca é o destino do pequeno Luís XVII, uma criança inocente, arrancada de sua mãe, trancada numa cela escura, submetida a abusos físicos e psicológicos, e finalmente deixada para morrer aos dez anos de idade. Que tipo de “revolução libertadora” faz uma coisa dessas?
A Revolução Francesa perseguiu violentamente os cristãos, não apenas católicos, mas também protestantes que se recusaram a se submeter ao culto do Estado. Igrejas foram saqueadas, sacerdotes foram deportados ou mortos, relíquias sagradas destruídas. Instituiu-se o chamado “Culto à Razão”, transformando a catedral de Notre-Dame num templo secular. O projeto era claro: substituir Deus pelo Estado.
Também foi a época em que surgiu o vandalismo moderno. A França foi varrida por atos de vandalismo. Obras de arte e construções arquitetônicas associadas à monarquia e à igreja foram destruídas.
Durante o chamado Período do Terror, milhares foram executados por suspeita de oposição ao regime jacobino. Bastava uma acusação para que alguém fosse levado à guilhotina. Os girondinos, que antes apoiavam a revolução, foram eliminados por Robespierre e seus seguidores. Não apenas a guilhotina, mas muitos mais morreram nas prisões. Não havia espaço para divergência: toda oposição deveria ser eliminada. Até mesmo famoso cientista Lavoisier foi morto acusado de associação com a monarquia.
Ao final, esse caos e vazio de poder abriram caminho para a ascensão de Napoleão Bonaparte, cuja tirania militarista foi a continuação natural da lógica revolucionária. Sem a destruição das instituições tradicionais promovida pela Revolução, o autoritarismo bonapartista jamais teria triunfado.
A Revolução Francesa é considerada a primeira experiência de totalitarismo do estado moderno, não muito diferente de um regime comunista ou nazista.
Para o Brasil, com as ascensão de Napoleão, a família real portuguesa fugiu para o Brasil. Essa foi a consequência mais direta da Revolução Francesa para nós.