De certa forma, sim, causa. Embora eu acredite em Deus e respeite profundamente a fé alheia, considero intrigante quando alguém declara amar a Deus acima de todas as coisas — inclusive acima de si mesmo, de seus filhos, familiares ou amigos. Tal postura me parece, em certa medida, excessiva e difícil de compreender sob uma perspectiva humana. Isso porque, ao contrário das relações afetivas concretas que mantemos com pessoas próximas, Deus é uma entidade cuja existência, embora amplamente aceita por milhões de pessoas no mundo, permanece envolta em fé e mistério, sem comprovação empírica. Assim, quando alguém diz amar a Deus de forma absoluta e incondicional, chega a me parecer uma negação das emoções e vínculos humanos mais tangíveis e palpáveis. Ainda que a devoção seja respeitável e digna de reconhecimento, é compreensível que tal intensidade espiritual desperte certo estranhamento em quem observa essa entrega com um olhar mais racional ou cético.